Por Adenáuer Novaes
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24 out., 2021
Iniciamos nesta postagem, uma série de 6 blocos onde trazemos aspectos das Dimensões da Vida, que auxiliam na sua auto-análise para o Desenvolvimento Pessoal e para uma vivência da sua espiritualidade. Vamos começar pelas Dimensões Corporal, Física e Sexual. Vejamos a importância dessas dimensões para o Espírito que somos. Espiritualizar-se não é apenas pertencer a um credo religioso. Requer envolvimento num processo de reconhecimento e percepção de si mesmo na condição de Espírito imortal. Nesse processo, é fundamental a autoanálise e a compreensão dos estágios em que nos encontramos em relação às várias dimensões da própria vida. Por dimensões, entendo os campos em que a Vida nos coloca, exigindo atuação, cuidados, respostas, adaptação, educação e progresso. Muito embora os tenha separado para efeito de análise, tais campos são vividos simultaneamente pelo ser humano. São áreas de atuação na vida, nas quais aprendemos a lidar com nós mesmos, a lidar com os outros, a viver em sociedade, bem como a conhecer as leis de Deus. Para analisar as várias dimensões da Vida, é necessário perceber-se criteriosamente, verificando os vários aspectos da personalidade, sem camuflar os próprios limites nem deixar de identificar a própria sombra . Em geral, deve-se buscar ajuda de amigos que possam nos mostrar a face oculta de nossa personalidade. Essa análise nos leva a um novo estágio de vida, pois nos faculta estar sempre revendo nossas próprias atitudes. É um processo dinâmico e terapêutico. Quando feito durante meditações e protegido do burburinho da coletividade, nos leva à percepção dos aspectos mais profundos da própria psiquê. A análise deve abranger as dimensões: corporal, física, sexual, filial, paternal, maternal, afetiva, emocional, criativa, religiosa, espiritual, psicológica, profissional, intelectual, política, fraternal, financeira e artística. A adequada atuação do indivíduo nessas dimensões proporcionará a aquisição de importantes elementos formadores das leis de Deus em nós. Na dimensão corporal , deve-se estar atento à aceitação do próprio corpo como ele é, e, caso necessite de correção de sua aparência, face à exigência estética pessoal ou corretiva, sua impossibilidade não deve se constituir em complexo de rejeição da fisionomia ou anatomia. Em muitos casos, a forma que o corpo ou a expressão facial assumem refletem o estado do Espírito que o anima. Por esse motivo, é necessário entender a linguagem do corpo e saber utilizar seus recursos da melhor forma, minimizando as limitações ou problemas por ele gerados. É importante perceber e aceitar as modificações do corpo decorrentes da idade, pois, compreender a velhice ou seu desgaste natural, principalmente da pele, entendendo que limites físicos naturais vão surgindo, é uma arte que nos acrescenta sabedoria. Ainda nesta dimensão, ter cuidados com a higiene pessoal representa respeito ao corpo como instrumento de evolução, tanto quanto consideração para com os que convivem conosco. Para conservação do corpo, é fundamental a prática de esportes sadios, de acordo com a idade e com os limites físicos de cada um. Estar resolvido nessa dimensão implica num grau de satisfação com o corpo a ponto de ele não se tornar elemento de frustração e de desvalorização de sua forma, vendo-o como instrumento de evolução para o próprio Espírito. A dimensão física , como extensão da corporal, compreende os cuidados com a saúde do corpo, que vai além da preocupação estética, a ponto de conhecer seu funcionamento e suas reações diante de alimentos, remédios e emoções. Implica em dar ao corpo o necessário repouso e a alimentação adequada às exigências de sua jornada diária. Nessa dimensão, está inclusa a preocupação com o lazer como forma de repor as energias do corpo e da mente. A pessoa resolvida nesse campo conhece seu corpo e os limites de seu desempenho. Não reservar tempo para repouso e lazer implica em desrespeito à organização corporal e redução do tempo de vida. Da mesma forma, usar substâncias químicas agressivas ao organismo e que promovem viciação, gerando desequilíbrio funcional e psíquico, é fator de atraso espiritual. Na dimensão sexual , situa-se grande parte dos conflitos humanos, em face do tabu com que se tem enxergado a sexualidade. Nessa dimensão, destaco o sentido do prazer sexual na vida do ser humano e a forma como ele lida com sua libido (energia psíquica de caráter sexual). Nesse particular, o indivíduo deve responder se tem sua sexualidade bem definida e se usa ou é usado por sua libido. Muitas vezes, o ato sexual e a escolha do parceiro não são opções conscientes, mas expressam conflitos na sexualidade, resultantes da incapacidade de entender adequadamente o direcionamento e a natureza dos próprios desejos. Assim é também quanto à homossexualidade e à bissexualidade, que nem sempre são opções conscientes, mas, por vezes, indiferenciação da sexualidade, que assim se apresenta face à incapacidade de se lidar com a libido e com a complexidade da própria identidade sexual. Ainda nesse campo, deve o indivíduo verificar a serviço de que propósito usa o erotismo e a sensualidade em sua vida. Ambos devem estar no lugar certo e no momento certo, sem se constituírem obstáculos à manifestação da própria Vida e sem se tornarem lugar comum nas atitudes do ser humano. É também importante, em face da forma como as pessoas se relacionam, refletir e analisar como anda a vida sexual para aqueles que vivem maritalmente. A ausência ou a pequena quantidade de relações sexuais em um casal não implica necessariamente em evolução espiritual, mas apenas em frequência relativa do uso da libido. O sexo não é impuro ou contrário à evolução, mas instrumento a serviço da procriação e do prazer para a construção da afetividade, podendo também significar expressões de amor profundo entre almas afins. Na presença do amor, ele complementa a felicidade dos que se percebem Espíritos, além das contingências materiais. Quando usado adequadamente, representa importante aquisição ao Espírito que se encontra ainda prisioneiro da força poderosa da energia sexual. Estar resolvido nesse campo é usar a sexualidade a serviço da própria Vida, sem repressões nem abusos, sem medos nem exageros, porém consciente que as energias da Vida, tanto quanto a sexual, estão a serviço do Espírito imortal, senhor de seu próprio processo evolutivo. Onde estiver, o Espírito responderá pelo uso que vem fazendo das energias da Vida. No próximo post, traremos as dimensões filial, paternal e maternal. Para saber mais sobre este e demais assuntos tratados por Adenáuer Novaes, veja as obras publicadas pelo autor. Este conteúdo foi extraído do livro: Psicologia e Espiritualidade.