A autotransformação é o processo de retomada da própria vida. Dentre os campos onde podemos experienciar e verificar se já conquistamos algumas habilidades em nosso processo de transformação pessoal, a Família é um dos mais ricos e necessários. Vamos conferir.
A Autotransformação ocorre quando nos dispomos a pôr em prova o que somos e verificando se o que acreditamos já ter conquistado pode ser posto em prática. Nessa fase do processo de crescimento pessoal, descobre-se se os valores alicerçados nas experiências vividas de fato funcionam e se são consistentes na personalidade.
Os campos de prova em que podemos verificar se já adquirimos consistentemente tais virtudes se situam no ambiente da família originária e da gerada, nos grupos sociais de que fazemos parte, no ambiente profissional, nas relações amorosas e nas relações com os sistemas de controle da sociedade.
A família, nessa fase, deve ser vista como um campo de processos de aprendizagem, em que os sentimentos são devidamente experimentados e o resultante da experiência relacional, analisado e internalizado. Estar em família necessariamente não é estar casado, pois uma pessoa solteira, ou mesmo que viva maritalmente, tendo ou não filhos, poderá constituir sua família a partir da teia de relações que construa. Família é o grupo social que elegemos afetivamente como referencial.
O mais importante é reconhecer o significado de estar numa família, consanguínea ou não, visto que isso representa uma certa segurança psicológica, possibilitando, ao indivíduo o aprendizado de elementos básicos das leis de Deus. No contato com os membros da família que se elege, está-se permutando, conscientemente ou não, ideias e emoções para a formação de importantes referenciais psíquicos.
Manter, preservar, alimentar, nutrir, prover, promover, impulsionar o crescimento, valorizar, amparar, fortalecer e ampliar os laços, cuidar, são atitudes importantes diante da família. Nesse particular, quanto aos cuidados, deve-se perceber o lugar que nela ocupa, o que determinará sua função, bem como obrigações e respectivos deveres.
A história da humanidade revela que a família surgiu nos primórdios da civilização, sendo uma aquisição que caracterizou sua evolução. Por um tempo o sobrenome de família representou poder e discriminação. Hoje se caminha para a extensão do conceito e da percepção do que seja esse agrupamento de espíritos, no qual o ser humano está reconhecendo que faz parte de uma grande família habitando um mesmo espaço. As fronteiras estão se diluindo e as culturas se miscigenando, ampliando seus laços, caminhando para o reconhecimento da família espiritual ou universal.
Nessa fase, deve-se buscar resolver os antigos conflitos de família, eliminando os ressentimentos e disputas característicos quando não se está em busca de realização pessoal e coletiva. As brigas entre irmãos, pais e parentes devem dar lugar à possibilidade de entendimento, sobretudo através da renúncia e desapego quando se tratar de bens materiais. Na ocorrência de mal-entendidos ou de manifestações de vaidade ou orgulho, deve-se buscar a ressignificação dos episódios utilizando-se do perdão e da humildade. Esses conflitos, quando não resolvidos, varam encarnações, ampliando a gama de dificuldades a vencer e atrasando a marcha evolutiva do Espírito.
Estar livre para escolher uma nova família consanguínea dependerá da solução desses conflitos, bem como da não constituição de novos vínculos psicológicos de dependência e dominação. O amor deve sempre vigorar em todas as relações do indivíduo com o próximo, com a natureza, consigo mesmo e com Deus.
Às vezes, só valorizamos as pessoas e percebemos nossos reais sentimentos em relação a elas quando nos distanciamos do seu convívio. Experimente imaginar a ausência de cada membro da família e perceba como seria sem ele. Talvez, dessa forma, possamos avaliar o papel de cada pessoa em nossa vida e o nosso na delas. Nessa fase, não se deve ser um “peso morto” na família, ao contrário, contribuir para sua manutenção, equilíbrio e para a felicidade do grupo.
Para saber mais sobre este e demais assuntos tratados por Adenáuer Novaes, veja as obras publicadas pelo autor. Este conteúdo foi extraído do livro: Psicologia e Espiritualidade..
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