Caminhos de Iluminação

Adenáuer Novaes • 29 de agosto de 2021

Caminhos de Iluminação

Para você, o que é iluminar-se? Qual o caminho que você segue em suas buscas para fazer brilhar a sua luz própria? Todos temos nosso brilho pessoal. O seu brilho está a serviço dos seus propósitos?

São muitos os caminhos da Vida que nos levam ao lugar em que almejaríamos estar, no qual nos sentiríamos bem. Nele estaríamos livres das mazelas e conflitos que normalmente nos acometem. Lá, certamente, não haveria oportunidades para crises depressivas, para dificuldades de relacionamento ou para qualquer espécie de mal-estar ou desconforto com nós mesmos ou com alguém.

Os diversos caminhos podem ser trilhados através de filosofias, religiões, seitas ou de uma maneira que não nos submetamos às peias sociais. Porém, qualquer que seja o caminho escolhido, ninguém poderá prescindir de entrar em contato com sua própria individualidade, com seus próprios limites ou com suas dificuldades inerentes ao processo evolutivo. Esse confronto não pode ser transferido a outrem nem tampouco simplesmente ser entregue a Deus. É um processo inalienável a que todos estamos sujeitos e, apenas por pouco tempo, adiável.

O olhar que temos a respeito do mundo, isto é, nossa visão dele e de como o concebemos e percebemos, é de fundamental importância para que possamos trilhá-lo com relativo êxito. De acordo com essa visão de mundo estaremos mais ou menos suscetíveis aos dificultadores naturais dos processos em que nos envolvemos. Criaremos e solucionaremos problemas de acordo com essa visão de mundo.

O caminho da iluminação, meta inalcançável numa única existência, não implica tornar-se perfeito, mas descobrir e realizar a personalidade integral, oculta ao estreito conhecimento de si mesmo. Pressupõe atravessar obstáculos, enxergar os próprios limites e agir na Vida, transformando-se a cada momento. Os problemas não são atestados de fracassos, mas oportunidades preciosas de iluminação.

Iluminar-se é tornar-se dotado de luz que brilha em si mesmo e em sua volta, isto é, que não está escondida e, portanto, extrapola os limites da consciência pessoal. O brilho próprio, inerente a todos, naturalmente atrai a quantos se aproximem. O brilho pessoal, sem que se deseje aparecer, atinge a quem interage com seu portador.

Muitos são os iluminados, porém não são ainda suficientes para atingir os bilhões de outros seres que ainda vivem na escuridão e em busca de espiritualização. O processo de iluminação requer consciência de transformação, de desenvolvimento da personalidade na direção das qualidades superiores do Espírito. É um processo interno com consequências externas.

O caminho na direção da iluminação se assemelha à jornada de um herói que anseia encontrar seu tesouro oculto em algum lugar de si mesmo. Contará com auxílios diversos, também espirituais, porém terá que retornar sozinho a fim de instalar, paradoxalmente, o reino interior no mundo externo. Cada um de nós tem uma jornada em busca de si mesmo, em realizar sua própria vida na procura de sua singularidade. Ao cabo da jornada retorna a um novo início para, como numa espiral, encetar novo destino, ao encontro, desta feita, com Deus.

Para iniciar essa grande viagem interior, é preciso primeiramente desfazermo-nos da ilusão de nossa própria inferioridade, pois somos filhos de Deus e, como tais, fadados à felicidade plena. Isso quer dizer que não devemos permitir a ideia de que somos insignificantes perante a Vida. Não basta descobrir-se, mas ir em busca do que se acredita que poderia ser, caso as circunstâncias fossem outras.

A caminhada do Espírito na busca de si mesmo requer otimismo e confiança no sucesso, bem como ausência de receio de estar só, pois o processo sempre se dará com auxílios diversos que, muito embora presentes, nunca tomarão o lugar do indivíduo. Nessa caminhada, é preciso ter coragem, disciplina e a certeza de que o processo é pessoal e intransferível. Ninguém crescerá por ninguém. Outros, durante o processo de ascensão, se apresentarão nas mesmas circunstâncias e deverão merecer nossa ajuda. Devemos ter compaixão e generosidade para com os outros.

Deve o Espírito não esquecer que o conformismo, a inércia e a acomodação surgirão na caminhada, induzindo ao desejo de conclusão imediata sem se chegar ao termo do processo. Muitos param no meio sem forças e motivação para irem adiante. É preciso ter determinação. O compromisso com os objetivos que se pretende atingir é fundamental. É desejável a humildade para não se pensar vitorioso antes do tempo. A felicidade de se perceber caminhando e aprendendo com a vida nos permite sentir amor e paixão pelo que fazemos. É desejável se sentir apaixonado pela Vida, pelas pessoas e por si mesmo.

A criatividade é outra marca durante a caminhada. Deve-se dar livre curso à inspiração como instrumento de descoberta das saídas dos conflitos a ela inerentes. O Espírito, quando utiliza sua capacidade com arte, se permite ser um cocriador na Vida. Mesmo considerando que todo controle pode prejudicar a visão de totalidade, é desejável que não se perca a organização e a ordem durante a caminhada. A consciência de si não deve estar fora da jornada da alma em direção à iluminação. Deve-se acreditar ser portador de um certo poder pessoal para transformar as coisas, pois somos frutos do desejo de Deus, portanto, capazes de operar “milagres” na vida. Essa certeza de identidade com o Criador nos confere a sabedoria para discernir entre o que nos convém ou não durante a caminhada. 

O desapego é exercício essencial na jornada de iluminação. À medida que contatemos com nossa própria criatividade e autonomia, precisaremos nos desligar das exigências para com as pessoas e as situações da vida. Os sentimentos de posse decorrentes do medo de sermos abandonados por aqueles aos quais entregamos a responsabilidade de nos fazer felizes deturpam a natureza das relações afetivas e geram padrões escravizantes. Ao desenvolvermos o desapego, amando e proporcionando liberdade, poderemos cultivar a alegria de viver em paz.

Somos todos caminhantes ao nos colocar em busca da realização interior, motivados pelo desejo de encontrar o significado da própria existência. Nessa estrada inexorável, invariavelmente, nos depararemos com sombras e dragões ameaçadores, representantes de nosso passado (desta e de outras encarnações), dos quais não deveremos fugir ou nos proteger, evitando-os. Eles são sinalizadores de que é chegada a hora de questionar os valores sobre os quais alicerçamos a nossa vida até o momento. A crise é o início da jornada e deveremos estar dispostos a sacrificar certas características pessoais, pois daí virá a reformulação dos aspectos da personalidade que perpetuam as repetições do passado.

Falaremos mais sobre isso no próximo post. Acompanhe!

Para saber mais sobre este e demais assuntos tratados por Adenáuer Novaes, veja as obras publicadas pelo autor. Este conteúdo foi extraído do livro: Psicologia e Espiritualidade.

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